A destruição da arte e as desculpas da Apple

por Cristina Santos - RTP
cdd20 - Unsplash

Em causa está a reação online ao anúncio ao novo iPad. A publicidade, lançada esta semana, mostra uma prensa hidráulica industrial que destrói diversos objetos criativos, incluindo instrumentos musicais e livros.

A prensa hidráulica destrói um gira-discos que está a tocar um vinil, um piano, um trompete, um metrónomo (instrumento para medir o tempo e marcar o compasso das composições musicais), latas de tinta, um jogo arcade, brinquedos. O anúncio, embalado por música, termina com a prensa hidráulica a levantar revelando um Ipad. Em off uma voz proclama que “o ipad mais poderoso é também o mais fino”.

Foi na rede social X que o presidente executivo da Apple, Tim Cook, mostrou o anúncio na passada terça-feira e agora a empresa, em comunicado, pede desculpa pela publicidade.“A criatividade está no nosso DNA e é extremamente importante produzir ferramentas que ajudem os criativos em todo o mundo”. Tor Myhren, vice-presidente de comunicações de marketing da Apple explica, no texto, que o objetivo do anúncio é mostrar todas as formas que os criadores utilizam para se expressar “dando vida a essas ideias através do iPad. Errámos o alvo com este vídeo e lamentamos.”

Uma nota que surge depois das reações negativas à publicidade. Por exemplo, o ator Hugh Grant escreveu no X que o anúncio representa “a destruição da experiência humana, cortesia de Silicon Valley”.


A cineasta Justine Bateman - realizadora e produtora e que começou como atriz na série Family Ties, na década de 80 -, que tem criticado o impacto da inteligência artificial na indústria da sétima arte, escreveu no X: “Porque é que a Apple fez um anúncio que esmaga as artes? Tecnologia e IA significam destruir as artes e a sociedade em geral.”

O anúncio permanece na conta X de Tim Cook e no YouTube, mas a Apple cancelou a exibição na TV.
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